Em
1979 o povo iraniano derrubou a milenar monarquia de 2500 anos, para
abrir o caminho � democracia e � justi�a social. Com o estabelecimento
da teocracia isl�mica n�o s� foram tra�dos os ideais da revolu��o mas
tamb�m foram restauradas as estruturas dominantes do clientelismo �s
custas do Estado. Trinta anos depois, assistimos hoje a uma nova fase
revolucion�ria na hist�ria iraniana, que – segundo todos os ind�cios –
n�o mais poder� ser detida. E isto apesar da viol�ncia bruta dos assim
chamados guardi�es da revolu��o o dos para-militares Bassidjis, apesar
dos assassinatos de incont�veis pessoas, apesar da deten��o de
incont�veis ativistas bem como de todo o quadro administrativo do
movimento isl�mico de reformas e apesar das proibi��es e da
repress�o de todos os meios de comunica��o e da m�dia do movimento.
Ao
legitimar a maior farsa eleitoral da hist�ria iraniana, o mesmo Aiatol�
Khamenei deligitimou-se. Para ele e para o pretenso vencedor eleitoral
Ahmadinedschad a preserva��o do poder e a apropria��o violenta dos
lucros do petr�leo e das riquezas coletivas para cimentar uma ditadura
teocr�tica e uma ideologia de estado retr�grada importam obviamente mais
do que a vontade do povo. Desde o in�cio a teocracia dividia a
sociedade iraniana em adeptos e em opositores ao sistema e assim
possibilitava a exclus�o de um n�mero cada vez maior da popula��o da
participa��o dos recursos e do poder. Ela criou o fundamento para que os
ide�logos famintos de poder saqueassem as receitas do Estado em nome do
Isl�, contornando todos os �rg�os de controle para construir a base do
pr�prio poder. Mahmud Ahmadinedschad n�o � o homem
que defende inexoravelmente os interesses dos pobres, que combate
destemidamente a corrup��o e que enfrenta corajosamente o imperialismo,
pelo qual ele � considerado por uma parte dos esquerdistas cr�dulos, ,
mal-informados e ideologicamente obcecados na Alemanha e no mundo.
Infelizmente
tamb�m presidentes sul-americanos, como Hugo Chavez, se tornaram
v�timas da pr�pria superficialidade e do tratamento irrespons�vel para
com as circunst�ncias reais no Ir�. O posicionamento de Chavez e de
outros na Am�rica do Sul est� em crassa contradi��o com os ideais
emancipat�rios do "Socialismo no S�culo 21". N�o � poss�vel que direitos
universais sejam sacrificados em charadas geopol�ticas.
Com o reconhecimento de
Ahmadinedschad, Chavez e outros presidentes da esquerda causaram grandes
danos ao movimento por reformas e emancipa��o no Ir�. Este
tipo de posi��es esquerdistas e anti-imperialistas n�o somente erram
quanto a Ahmadinedschad, mas tamb�m quanto ao car�ter do movimento
popular e de sua dire��o. A linha de separa��o entre adeptos e
opositores do movimento popular n�o decorre entre ricos e pobres, ente
norte e sul, entre cidade e campo, n�o, ela decorre simples e unicamente
entre adeptos e opositores da ditadura teocr�tica, entre o
dom�nio ileg�timo do poder e os anseios democr�ticos e emancipat�rios da
impressionante maioria dos iranianos e iranianas. Por esta raz�o o
movimento popular ultrapassa os limites de classes e camadas sociais.
Dele fazem parte tanto islamitas religiosos como leigos, tanto
tradicionalistas como homens e mulheres com orienta��o ocidental,
pessoas idosas bem como preponderantemente mulheres e homens jovens,
tanto intelectuais como trabalhadores, ricos e pobres. Este movimento
popular �, segundo observa��es un�nimes, mais amplo do que o movimento
popular por ocasi�o da Revolu��o Isl�mica. Defini-lo como uma "revolu��o
cor de laranja" manejada de fora, chega aos limites da tolice e � uma
ofensa imperdo�vel para com todos os movimentos emancipat�rios. Mir
Hussein Mussawi, o candidato do Movimento pelas Reformas � presid�ncia,
n�o �, como alguns o atribuem, consciente- ou inconscientemente com
inten��o enganadora, um homem do ocidente. Ele � pio islamita e um homem
da revolu��o isl�mica da primeira hora. Ele ainda est� radicado no
campo dos conservadores e se define a si mesmo como reformador fi�l aos
princ�pios. Seu debate p�blico com Ahmadinedschad na televis�o e sua
conseq�ente defesa de novas elei��es o revelaram como pol�tico de
confian�a e decididamente ao lado do povo. Obviamente ele tamb�m est�
decidido a continuar a luta contra a teocracia. Como primeiro
grande pol�tico na hist�ria da Rep�blica Isl�mica Mussawi disse N�o aos
dirigentes religiosos, abalando assim a autoridade dos mesmos. At� o
momento, em todos os seus comunicados ele convocou o movimento popular �
continua��o da resist�ncia n�o-violenta e jurou sacrificar sua pr�pria
vida pelo objetivo comum de abolir a tirania. Na presente fase da
revolu��o o povo e a dire��o do movimento pelas reformas est�o unidos
pelo objetivo comum de superar a ditadura teocr�tica. A configura��o da
futura sociedade iraniana na era p�s-revolucion�ria e o caminho a ser
ent�o seguido � direito exclusivo da vontade popular em liberdade e n�o
pode ser antecipada por ora. A revolu��o no Ir� tem
j� agora grande repercuss�o em toda a popula��o do m�dio e pr�ximo
oriente, particularmente tamb�m em partes do movimento pacifista em
Israel. Sua vit�ria e a democratiza��o bem sucedida abalaria todos os
regimes ditatoriais da regi�o, encorajaria os povos � emancipa��o e
abriria uma perspectiva de prosperidade, de democracia e de paz depois
de d�cadas tenebrosas de guerra, de destrui��o e de mis�ria.
Recha�amos decididamente todas
as tentativas de desacreditar a revolu��o no Ir� e apelamos a todos os
movimentos sociais, anticapitalistas, anti-hegemoniais e emancipat�rios
na Alemanha, na Europa e no mundo todo a apoiar a revolu��o popular
iraniana, com todas as suas for�as e de engajar-se pela liberta��o de
presos pol�ticos e pela liberdade de manifesta��o e de imprensa.
Fonte: Tlaxcala - Die Bewegung f�r Demokratie und Emanzipation im Iran mit voller Kraft unterst�tzen
Artigo original publicado em 9 de julho de 2009
Tradu��o redigida em portugu�s do
Sobre os autores: Mohhsen Massarrat pertence ao Conselho Cient�fico da ATTAC-Alemanha, Pedram Shahyar pertence � Coordina��o Federal da ATTAC-Alemanha.
Helga Heidrich pertence � rede de tradutores Coorditrad, em parceria com Tlaxcala,
a rede de tradutores pela diversidade ling��stica. Este artigo pode ser
reproduzido livremente na condi��o de que sua integridade seja
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